sexta-feira, 29 de julho de 2016

Entardecer! (Miniconto Poético)



- Quando tu sabes que amas uma pessoa, moça?
- ha...(ela suspirou um pouco e exalou as cores do céu...)
-  Para mim, parece simples...é quando tu pensas nela junto ao fim de tarde!





quarta-feira, 27 de julho de 2016

A noite!



Os sons da noite são doces
Pios de coruja e cantar de pneus
A paisagem urbana é obscura:
Mistério e obviedade na mistura.

A noite é o cio da vida!

A lua uiva, luz convidativa 
Bichos insanos
partículas e substâncias
Exalam seus odores :
Sujeira e fragrância.

Sutilmente escondidas
As horas insinuam-se:
maliciosas, avidas, convidativas.
Recebem nos braços 
os acelerados e adulterados:
a essência dos alucinados.

O ritual sagrado
Segue, renova e repete:
Sangue, suor ou saliva
angustia, alegria,medo, euforia!
circulam feras soltas, presas cativas...

...famintas, em busca de vida!  #



( Foi, eu fumei as flores do jardim, só pode.
P.s: Perdoem a ausência de acento agudo em alguns caracteres, como sempre, problemas no teclado... )
:)


terça-feira, 26 de julho de 2016

PRO INFERNO (miniconto Surreal)

- Pro inferno com esse amor. PRO INFERNO! Pro inferno com essa inquietude, com essas mãos trêmulas, com essa ausência de paz!


 - - Calma, moça...preciso saber... --

- Pro inferno! pro inferno com os dias afetuosos, com aquele sorriso meio torto e aquele charme desgraçado. Pro inferno com as certezas, com as promessas, com  fitas e fitas de memórias a rodar pela cabeça.

 ...PRO INFERNO!









Foi isso que disse ao táxi, enquanto colocava na mala toda bagagem sentimental.  





...E foi pro inferno.


 #


Bastidores de um conto:

Hoje,  estava de bobeira no meu café preferido e, por curiosidade humanamente macia, vi uma moça gesticular e mandar alguém "pro inferno".  Porque de longe,todo mundo é ameno. Mas minha mãe sempre disse que eu não sou  todo mundo...então, ha de surgir um poema ou conto cada vez que a palavra florir. 
P.s:  Perdoem a ausência de acento agudo, problemas no teclado...

 =


segunda-feira, 25 de julho de 2016

Sentido!


Dobro esquinas
E viro páginas
Abro outro bombom
Mudo as palavras 
E de rima em rima
Faço e refaço
E me enlaço toda
Nessa coisa de ser gente!

Essa carne que vibra
Corpo que abriga e celebra
E que se alegra
Com cada coisa esquisita!
(Uma lágrima 
ou sorriso
Beijos e laços de fita!)

Esse milagre tangente
Que de Darwin a Jesus
Tudo tenta explicar!
Em verdade, em verdade
Vos digo:
O poeta é livre
para contemplar!#


Porque desde que a mãe-poesia me resgatou no berço com suas mãos doces de aceitação, posso ser,sentir e acolher como melhor me aprouver...o existir!
Uma doce madrugada para quem  brinca com o colorido da vida. 
 :)

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Hoje não!

Tenho perdido a vontade de escrever, confesso.
Talvez seja só uma fase. Ou uma insônia.
Mas, esse já foi o meu grande sonho: matar essa lua que não dorme, ser mais polida, discreta, amena e funcional.
Quem sabe? (Quando dos livros só me restarem a estante e não a ávida  curiosidade por ler e reler tudo que me achega, quem sabe¿ Quando não me emocionar mais com uma canção nova, com gente inteira, com a desgraça ou esplendor alheio...)
Tudo parece tão clichê: O tal museu de grandes novidades, do Cazuza.
A geração anestesiada.
O tédio habitual da rotina amorfa dos dias – algo que tenho pouco, pois mais me parece coisa de mentes preguiçosas.
Então, vontade de escrever algo maneiro:


Co


Xi

Nha

Nhac!

Engulo uma em plena madrugada, enquanto penso no colesterol e todas aquelas coisas que ameaçam matar de morte matada, enquanto planejo fugir! Isso mesmo- fugir! Para Pasárgada. Céu ou taverna dos poetas.
Queria escrever que eu não sou daqui, que meu sorriso é sincero embora cínico e umas tantas outras verdades que já foram escritas e não precisam de outras para se bastar. Não preciso nem mesmo do esforço do pensar, para isso: Geniais, esses caras que nasceram antes de mim. Eles tiveram a esperteza de nascer  antes, puderam escrever sem serem atacados pela obviedade.
O mundo esta óbvio demais. E reclamar dessa obviedade, tanto quanto.
Cheio de gente purista ou moderna,
Nude ou démodé,
Machista ou feminista,
Luz ou escuridão...

Preguiça mental de tanta dualidade.

Pirados,humanos tão adulterados quanto gasolina: álcool,tabaco, fluoxetina.
Há tempos,joguei todas as pílulas na privada e decidi sentir e respeitar meu corpo. Até  torcicolo. Matei a hipocondríaca que me habita. 
Ignorei a doença da modernidade, que quer liquidificar sentimentos em substâncias. E nessa de sumir com umas e outras de mim, ainda faltam a psicopata, a dramática, a palhaça, a pudica, a sonhadora, a redatora, a poeta, a feiticeira, a menininha, a otimista inconteste...
Ah, falta muita gente.
E falta essa lua que não dorme e se recusa a me deixar dormir, vez ou outra.  Nem sempre fã de originalidade, ela gosta das palavras sempre ditas.  E escritas. A exemplo de "Te amo": ô coisinha mais repetida no disco riscado da humanidade! Tanta gente já escreveu, 'poemou', cantou, pirou, aportou e profanou!  
Mas, não 'tô' de insônia criativa ou reflexiva, então, vou apelar: encerrar este texto com um sonoro NÃO: Como Frejat, nada de  "te amo".
E como Drummond: “Hoje não escrevo”.


(Vivas a Drummond e Frejat
Enquanto sinto o ócio de existir! o/) 




Natureza!


As flores?

Gosto-as vivas!
No jardim
Ou nos campos livres
de onde tudo  é surpresa
e a beleza
não encontra formulas
ou polimento...

Beijo suas pétalas,
sinto o vento.

Não me apareças
 com flores mortas 
Embrulhadas em papel de seda
Indica uma estrela no céu
Viaja comigo!
Em uma rima ou 
 na calda de um cometa: 

Gostoso é ver a alma
De quem se achega. #


Sobre a natureza...a minha,rs.

:)


terça-feira, 19 de julho de 2016

Ipê!


A menina de pés descalços, cata flores do chão de giz, céu da vida. Não gosta  de colhê-las, crê no tempo da força criadora. Gosta de vê-las cair, livremente, ao sabor dos ventos do agora.
Ela é o instante. O rio que sopra, as doçuras pequenas da vida, a evolução lenta, das águas que bateram na pedra dura até amaciar a alma...
A menina contempla. Tem um força que emana e a vida chama, nunca igual: ela já viu aquele mesmo ipê nu, livre das amarelas folhagens da primavera. Sabe e sente só de tocá-lo. Estação. Desfolhar, recriar-se da raiz... essa sim, sólida! 
Está adulta (ela e o ipê), apesar dos lacinhos de fita nos cabelos ou do chapéu branco - seu favorito. Agora, é uma mulher jovem, dona de si. Aprendeu a deixar-se desfolhar e receber-se inteira, até com recibo da vida. Contempla  sua aldeia e as cores do fim de tarde e sente suavemente o poema-existir.
E sabe cair, ao sabor dos ventos de rajada. E sabe levantar, com sua própria firmeza interior. E sabe que agora,mais do que nunca, a vida é de quem respira fundo e macio...e trata de ser e receber o presente.
Cada dia mais, as coisas parecem coloridas, longe do cinza dos filtros. Sim, a vida é fragrante, um arco de cores e perfumes constantes... e ela  só no começou.


“O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui... Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês-amarelos..." 

 Em homenagem ao Rubem Alves e sua partida do mundo, 02 anos.

Gênio Ruivo! (Resposta engraçadinha, brincadeirinha... poética)




Não tente compreender seu modo impreciso!
O tempo nela se move diverso e conciso
Ela gosta de rir e dá poucos sinais
Olha o mundo com lentes especiais...

Ouve rocks e sons antigos
viaja em Caetano, Raul, Belchior e Chico
é de MPB com tons de blues, bossa e jazz
Ela já foi à guerra para ganhar a sua paz!

Ela não é a princesinha do seu filme de ação
é mestiça:  traça o destino na palma da mão
Não vai ficar no pedestal a espera de um anel e um pedido
Corre atrás de suas próprias bênçãos e assume riscos.

Ela é de questionar e emitir opinião:
Falar em politica, cinema, livros, religião
Não quer ouvir o papo de quem é filho de quem
Pois coração não é latifúndio: é terra de ninguém!

Ela parece frágil,  mas tem o gênio ruivo,
Cuida dos seus e carrega sua bênção : Um coração!
Mas não a convide para o seu banco de trás,
Ou pode terminar sem os dedos – ou mais...

Não a decepcione com cantadas
Ela não gosta de gente óbvia, previsível, programada.
E se derrete em seu jardim de flores e temas
Vive a vida meio dispersa, distraída em  poemas! #


E sim, a letra do Projota agora faz parte da playlist: "Ela tem um coração bobo". <3


PAZ!   ;)

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Ar- riscar!


Amar...é ar-riscar o coração!
Gravar um nome dentro da carne
bater o sangue junto a outra pulsação...

Amar...é  acreditar na vida 
Sentir medo e,ainda assim
uma inexplicável alegria!

O amor não é exato, 
não respeita o sentido e a razão
dos marés da vida e do tempo
é  a incrível navegação!

Não é tangível, mas sólido sentido 
Não pode ser tocado com a mão,
Mas é uma inabalável sensação...

E por mais que tente ser explicado...
foge a sentidos,
fogo sagrado! #


E água...terra...ar...elementar, como a própria existência.
Intangível na essência, mas sólido...personificado.  :)

Luz!

Pocahontas e a difícil lição do rio (Parte II) - Tem Spoiler!

Pocahontas é um antigo desenho da Disney que mistifica a relação histórica entre o desbravador Jonh Smith e uma índia quando chega "ao novo mundo".  Sei do valor simbólico incorreto e da ‘romancização’ exacerbada dos fatos históricos, mas, sinceramente? não sei contar das quantas vezes já assisti Pocahontas. Primeiro, por ser um desenho místico, cheio de lições e encontros com a mãe natureza, sobre a nossa origem de ser bicho e exercer nossa própria natureza. Ainda menina, chorei pelo amor de Pocahontas e John, sem entender as difíceis escolhas da indiazinha e os conflitos que envolviam um amor tão singelo em meio à armas, ambição, medo, visões de mundo diferentes e o preconceito implícito. Recordo com clareza uma cena em que o Pai de Pocahontas, cacique da aldeia, a levou à beira de enorme rio bipartido e falou sobre as escolhas que fazemos na vida. A conversa foi iniciada com a frase musicada...

 "Todo rio tem que escolher que caminho percorrer... quando escolhe o melhor, longa vida irá viver..."

Naquele momento, havia um pai que aconselhava sua menina a seguir pelos caminhos da conveniência – tão mais lógicos e fáceis. Aquilo que não traria à sua vida tormento. Mas, haveria tormento maior do que vivenciar uma história sem amor?e o que essa corajosa indiazinha fez foi apontar para o caminho do amor,o que lhe deu causas e consequências que...enfim, você que me lê e já fez essa escolha, bem sabe. Sabe, o final deles não foi o convencional da Disney.  Mas, para mim, é um dos melhores contos já produzidos: ali, havia verdade, autenticidade, amor.Paixão! E o mundo, inteiramente diverso e multifacetado, como de fato é.  

Pois então. 

Por curiosidade, assisti a Pocahontas 2...e chorei! Acabaram com o amor dela por John e Pocahontas terminou civilizada. Foi um fim aceitável e previsível, como as piores histórias! Transformaram Pocahontas, uma princesa índia powhatan*, alma livre e absolutamente conectada à natureza, em uma clássica princesa da Disney (argh). Seu amor por John foi substituído por uma estorinha ‘conveniente. Tudo tão politicamente correto! Para mim, Pocahontas 2 não existe, é uma deformação artística da história original e da minha lembrança de infância sobre a importância de ser gente.

O que me trouxe a pequena epifania...


Sim, é difícil mesmo descobrir qual o melhor caminho. Mas,  não podemos deixar que nossas vidas sejam como Pocahontas 2: Adaptado às necessidades da platéia.  Ou a obra-prima chamada existir também se transformaria em mera deformação artística e viver é muito mais plural. E, nessa coisa toda, cada um é o autor, o roteirista, o diretor e o personagem principal e o responsável por fazer acontecer!

Bem, a lição do rio é muito particular. Se você estiver nela, desejo do fundo do coração que encontres com as luzes e a força do amor  para te guiar. E pessoas que te amem e apoiem, para ir à guerra e à paz interna junto com você,  enquanto você realiza sua própria “grande navegação”. 

E que seja uma incrível jornada.