quinta-feira, 29 de maio de 2014

O bicho


Que bicho é esse
Que aliena e subvenciona
Venda olhos e convenciona
Arranha e arranca
Pedaços da humana natureza...

Como se fossem vermes
A corroer a pele
Ou mesmo espectros
De outra forma de viver
Modificando a verve de todo ser...

Que estranho bicho é esse?
Que engole ideologias
Como se matasse a fina pele d´alma
E roubasse ilusões
Feito grãos escorrendo pela palma...

Que bicho é esse
Que paralisa a circulação?
Não quero provar do seu vinho amargo
Sangue corroído, distorção do olhar
Convenciona o bicho-gente a moldar..

Títulos, acertos e sobrenomes
Como se sentisse outra forma de fome
E pisasse fora do concreto chão...
Que engolirá sedes e vaidades
E todas as vis formas de ilusão...#


E quem assina não precisa de nome. Nem sobre-.Apenas poeta. Alguma coisa assim, sem títulos ou convenções.  Afinal de contas...


"Eu presto atenção no que eles dizem,mas..."

a) Eles não dizem nada.
b) Eles dizem sempre a mesma coisa, apenas invertem papéis,
c) Eles dizem coisas diversas, a depender de seus interesses.
d)Todas as respostas estão corretas
c) Prefiro não comentar, porque concordo,mas preciso manter meu vínculo empregatício,
d) Todas as respostas estão erradas e eu não conheço essa canção e nem a lição 'da vida como ela é'.


;)

terça-feira, 27 de maio de 2014

Ca(l)minha


Caminha e risca o pincel 
Borra a tinta!...
Monta teu itinerário
Perde o horário! Segue, tropeça
Desmonta peça a peça
O labirinto vário...

O tempo é tão precário!
Não nota o que diz o relógio
Não precisa ser tão lógico
O que te norteia...
Se incendeia a alma,
Se é mais que calma. Caminha...

Não haverão garantias
Pois o final feliz só existe
 quando a rota acaba
A força que embriaga, faz aprendiz
E não é fácil ser trôpegamente aprendiz...
Ca(l)minha, alma...#

 
 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cartas para o senhor do pincel...

Escrever...com as linhas do tempo...
Do vento, no sopro suave do dia
Nesse sol sutil, que acaricia
Enquanto rego meu jardim...
Escrever! Para regar a vida...
Mas, escrever tão calmo e fundo...
Que mesmo o verbo não alcance tudo!
Escrever por você e por mim...
Para honrar a alma que me fizeste exercer
E o poder do  amor profundo que me fizeste ser...#


Cartas para o meu Deus. Que ele nos ensine a escrever em nós!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Princesinha Ana

Encaixa tua pequena alma
Que ainda é funda calma
Pois a batida da minha emoção
Acalma, acalma...pra te acolher
Princesinha de olhos castanhos
Menininha da minha emoção
Encaixa teu pequeno corpo
Que eu durmo em paz, coração! #


<3 

(ontem sá menina me agarrou que nem rolou imagem. Agora, bem como ela merece...)
Bom dia, queridos.

FilosoDia (filosofia do dia no Boteco da Lua em um dia de ansiedade)

Eis-me aqui, leitor querido, te convidando pra sentar novamente nessa mesa-de-poesia, pra descer uma prosa bem quentinha, por favor.
Prosa, bem proseada, daquelas gostosas, feito quando tomamos sorvete de maracujá em final de domingo.  Mas quem sabe você não goste do sabor e prefira outro, enfim. Fique à vontade.

Hoje, meu local de trabalho e emoção (sim, eu sou uma garota sentimental, mesmo no que realizo profissionalmente) estava uma loucura entre palavras, sorrisos, gestos e simpatia.
Acho bonita a esperança nascendo, as pessoas vibrando ideologias diversas...e hoje pude contemplá-lo com mais tranquilidade, porque, como esse processo - o de escolhas- sempre me foi muito emotivo, foi a primeira vez que pude encará-lo como a profissional que sou. E o ser humano, despido do véu das ideologias cegas.

Tantos panfletos e palavras, pessoas e gestos de simpatia, e eu aqui, internamente...olhando a modificação de alguns seres humanos quando se sentem objeto de olhar. 
Vi pessoas antipaticíssimas, sendo a própria personificação da docilidade e amabilidade,  e pessoas gentilíssimas extremamente nervosas. Pensei, pensei...E resolvi que a questão fundamental está entre os silenciamentos e as palavras.
O que é silêncio? Um calar de bocas? um fechar de olhos? O vácuo do espaço entre a boca e o ar?
Ter o peito e a mente inerte?
O que é silêncio?
E o que são as palavras? o corte do vácuo? o som que propaga? O grito da mente?
Penso que ninguém, por mais que tente, é mesmo capaz de defini-los, propriamente. Ou talvez seja uma percepção muito pessoal para atingirmos isoladamente o conceito.

Sou um pouco verborrágica internamente. E silenciosa, externamente. Acho que já aprendi a lidar com isso. E a perceber que a minha verborragia pode ser socialmente mal educada ( Hoje mandei muita gente à *&¨% mentalmente. Diacho de hipocrisia em rir quando não sorria antes. Detesto simpatia oportunista). Mas apenas socialmente, porque ainda defendo que, no avesso do bordado (vida pessoal), sou mesmo é dos tempos da delicadeza. Ou exercito.

Mas o que digo agora é do "soltar um palavrãozinho à toa" para os absurdos do mundo. Da vida social, quando não faz sentido. Não é preciso ter tanta educação, não. Às vezes é bom ser marginal. Mas sem perder as raízes, já disse isso em muitos outros textos - e assim mantenho a conduta.

Penso...é preciso mesmo olhar, sentir, silenciar e falar. Sentindo. Produzindo catarses. Promovendo (para si) lições preciosas.

E atitudes!
...O resultado da eleição? Bem, ainda não saiu. Perdendo ou ganhando, eu tenho cor. E uma torcidinha gostosa para que tudo se ajuste, como tem de ser. Para que as palavras mais que lindas - lidas e realizadas - Fiquem. Mas, perdendo ou ganhando...Faz parte. Ser de um lado: Escolhas!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sigo sendo


Sendo...sigo sendo!
Poesia, gesto, canção
Delicadeza, pétala, grão...
Luz que acredita no milagre da vida
Ser que reluz...alma envelhecida.
...mas criança!
Garotinha que não desistiu da dança:
Ciranda de paz...
Em meio à águas abissais! # 


Que essas lindas chuvas torrenciais de maio chamem paz para nossos corações, queridos. E multicolorida vida!

Vida que acaricia

A bondade é uma coisa extremamente despretensiosa...não requer olhar alheio! Tem aquele quê de ser...simplesmente sendo. Penso que essa é a essência de tudo o mais que nos habita. Segue simplesmente sendo. Sozinha, ela acariciava outra vida. Hoje, longe de mistérios ou mais, ela só estendeu a mão a outro bicho e uniu o bicho-gente. Laço de bondade.
E o registro inesperado nem era preciso para o belo se fazer! A vida é flagrantemente urgente! Acaricia com retalhos o dia a dia... Esta imagem alimentou meu dia. Da natureza bondosa e real que tem a vida.
Minha lúdica e delicada Unifap - Em horas de intervalo.

Demos Cracia

De cores e nomes
Se faz uma democracia
De múltiplas vozes
Até que vença a maioria...

E de sons e de sorrisos
Sinto a sinceridade
Tenho chapa e bandeira
Mas respeito a multiplicidade...

E a minha universidade se veste:
Dama multicolorida!
De nomes, sonhos e versos
Eis a beleza de sonhar com outros dias! #


Tudo é Brasil! Eleição no meu ambiente de trabalho, queridos. É lindo de ver. 
:)

terça-feira, 13 de maio de 2014

(Contempl) Ativa!

Contemplar a chuva amanhecer o dia
Da minha janela, flores lindas
Preservadas d´água...regadas por mim!
Contemplar a vida...ritmo particular.
Ver a ferida que jorrou em verdadeiro mar...sarar!

Perceber o espaço, o tempo e a hora para ser feliz:
A cada passo, a partida do ontem
E a chegada do agora...
Que vem na forma de tanta leveza!
Que minhas mãos ainda não tocam...
Olhos turvos, sem alcançar...feito a sutileza do amazonas e o luar...

Acreditar em um último romance
Que findará a derradeira espera
Restaurar essa quimera....
Não desbotar por dentro a flor
Perfumes e sons que me são naturais:
Luz de afeto, sentido...e amor!#





(E) terna a idade


É terna a idade ...entre Nós!
Flutua...no sopro leve da lua...
Onde a gravidade inaudita sons...
Mas sempre haverá espaço
Pra lembrar do que foi bom...

Domingos de amor e paz
Planos de 'para sempre' e ser mais
Tempos de crescer,perdoar e ser plural...
Denguinho,carinho, cuidado
Amor,puro amor -muito amado.

A raridade numa casca de "nós"
Guardada do tempo e do espaço
E a bênção sobre os seus novos caminhos...
Livre dos espinhos do excesso de sabor
Só o sutil perfume...amor! #



"Sem perder a ternura jamais"

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sentido


Sente: O vento.
Sopra!  o espaço, o movimento...
E o tempo se faz menos urgente:
Viver tem dessas coisas...

Contemplar e ser macio,
Sentir calor, sentir frio....
O tempo de ser interno e ser louco
O tempo de ser gente- e não pouco!

Há tanta beleza do raiar ao pôr de cada dia
Retalhos do criador de uma incrível alegoria...
Não é estática a divina comédia de ser
E o tempo é espaço...viver e amadurecer!#


Rimãs!


A gente rima: Sorrisos, lágrimas e desafios
E entrelaça de amor os nossos passos
E a cada traço...alimenta mais a emoção!

A gente rima: A leveza poética, a praticidade absoluta
A calmaria de uma flor e uma beleza ainda pura...
Numa forma qualquer
Que nos faz seguir pra ser mesma maré...

Maré que ergue o traço de mão
Que estende a face da outra pro céu
Que é certeza, presença e precisão
E a personificação do senhor do pincel....#



Essa eu fiz na mesa, no lencinho de papel. Cás pequenas.  <3.

domingo, 11 de maio de 2014

Mamãe


Há um quê de calor
Nesses olhos de amor
Que reconheci desde o primeiro olhar...

Uma certeza aberta
De que errada, inquieta, perdida ou certa
O meu ser tem onde aportar...

Eu, mar... ia! A navegar na vida
...tantos aprendizados! Ela: Maria!
A aquietar meu ser...com paz, luz e cuidados...

Nós, a indissolúvel força
Construída pelo poder do amor
Ela, a palavra certa que preciso, a nortear...
Força que afasta a escuridão e ilumina meu olhar!#

Obrigada, mãe. Por sonhar os meus sonhos. <3

Dia das mamães! :)

Mãe. Toda mãe é meio "Maria", canção do Milton. Tem aquela magia que envolve o vínculo da vida. Da vida cuidada. Da vida muito amada. Da fé e crença de que tudo vai dar certo. Da força e do amor que ultrapassam fronteiras. Sempre digo que o amor é a força mais poderosa que podemos construir:  E o laço mais perfeito! Mas, o primeiro laço, não somos nós quem damos. São essas incríveis mulheres. E se, como já disse outra canção, " eu ainda sou a filha", é em nome da minha Maria, mãe lutadora que me amou incondicionalmente e buscou sempre superar suas limitações, que parabenizo à todas as mães, pela enorme lição - e missão- de amor. :)

Feliz dia das mamães.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Saudade!


Eu vim regada por olhos cor de mel
Maré de doçura em tempestade
Colhi da brisa o sabor do fel...
Me embriaguei pela eternidade...

Eu vim...amada por um sonhador
De derretida prata no olhar...
Quisera eu voltar no tempo e mergulhar
Só um pouquinho mais naquele abraço...

Mas o laço...ha! O amor...
Permanece a despeito do tempo
E em alguma curva do vento,
a gente se encontra, professor...#

Hoje, precisava eu de você, pai...com aquele humor ácido e sorriso bobo.
 Maré de amor em mim....(Voa, Paissarinho, voa...)

(Or)ação do amor

...Que nunca se desista de ser sonho,
Mas realize o gesto, a intenção!
Que não perca a ludicidade do belo
Mas saiba ser provisão...
Que não se perca escuro
da alma e da indecisão...
Porque amor é raro tesouro
Mais válido que pedras,moedas ou ouro
E o poder da semente é (or)ação!
...Permanecer, a enorme lição! #

Que a gente sempre cresça no amor, queridos. Que ele nos guie para o mais belo que pudermos ser. E que a vida cuide da nossa forma de percebê-lo! E de sabê-lo impreterível.
Boa tarde. :)

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Eu, rio de mim!

Sorrisos molhados
menina de Igarapé
Pés descalços
Rumo ao vento de ser quem se é...
Rio...amazonas!
Doce guerreira
A ser foz...por inteira...
Eu, rio de mim.
Maré de fé...sem fim! #


:)


"Amor Pra Recomeçar" (Frejat e Cia)


Eu te desejo não parar tão cedo
Pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante
Que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
Que seja por um dia, e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom,
mas que rir de tudo é desespero

Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor pra recomeçar
Pra recomeçar

Eu te desejo, muitos amigos
Mas que em um você possa confiar
E que tenha até inimigos
Pra você não deixar de duvidar
Quando você ficar triste

Que seja por um dia, e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom,
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor pra recomeçar
Pra recomeçar

Eu desejo que você ganhe dinheiro
Pois é preciso viver também
E que você diga a ele, pelo menos uma vez,
Quem é mesmo o dono de quem

Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor pra recomeçar
Pra recomeçar
Pra recomeçar.

À torre



Recebeu a ordem de decolagem
Não sabia a rota
Mas vo(o)u...!

Salvo-conduto

Sem luto,
Pois amor é jazz...
é bossa, rock e poema
Não 'jaz' jamais...

Fica sempre o remendo bordado
O bem-querer à distância
Pelo amor -muito amor -cultivado...

Fica sempre o raro beijo molhado
De um outro tempo ou astral
E a luz do dia... anuncia ausência de luto:
Pois o amor é o salvo-conduto! #


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Toque II



As linhas últimas daquela canção
Vem buscar...
Todo grande amor tem alguma coisa de dor
(tédio, idiotices, sandices e ilusão)
No  mais...só nós sabemos os ganhos
(profundos, estranhos)
De tanta insistência em amar...
Vem pegar a mão do teu par...#

Toque!


Ao toque da sua mão...
Sou ao toque da sua mão...composição pra ti!
Da tua escrita que já li...
E do que ainda não vi...e quero ver...
Sou tão perto você...por que saudade?
Parece tudo partido...fotografia pela metade...
Enquanto a vida não leva o poema,a pureza... e a missão
Espero o som daquela emoção de Belchior...
Ecoar...no ar...no vento...na palma da mão! #

Ser!



Caoticamente habito o espaço de me ser.
Como pode alguém querer a paz e ser poesia?
é como pedir ao céu que se vista de fantasia
E depois não imploda em milhões de fragmentos...

Sou resquícios: tudo que li compõe um teorema
A verdade habita meteoros e dilemas...
big bang? somos todos emocionais!
Longe de teorias: Sente-mentais!

Não estáticos, posto que somos as estrelas
De uma festa bossa/rock interior
e dançamos em ritmo aleatório
embebedados da  matéria: amor...! #

* Sobre o big bang, que li ontem antes de dormir, e me fez recordar Raul "Dois problemas se misturam: a verdade do universo e a prestação que vai vencer"  rsrs. E qual a verdade do universo,será?...

Sobre o manjericão, a chuva, e a nossa demasiada natureza humana.

Amo este espaço poético. Quando criei o 'aluanaodorme', desenhei suas bordas com pedaços nus da minha emoção. Ultimamente, tentei o caminho do silêncio e percebi que, o que mais importa, para mim...é o silêncio e a paz interior. A paz da alma.

Descobri que a questão fundamental é que  a linda raiz nascente e silenciosa é de brotar,  e a catarse das palavras ...de transbordar! Pela nossa diferente natureza.

Explico. Eu e o manjericão temos uma diferença bem clara: O manjericão é um ser finitamente perfeito, em sua natureza. É planta. Planta ou recria ou fenece.

EU...? bem, eu sou a Jaci.  E a Jaci é de uma multiplicidade transbordante! Precisa deste espaço, desde lugar caótico para poetizar....Ontem rimei com a chuva desde muito cedo. Meu trabalho, fonte de alegria, tem me exigido isso. Dormir, acordar muito cedo. Exausta. Mas, rimo tanto com a chuva, que parece que ela cai, todo dia, logo que acordo, às cinco e meia da manhã (hoje mais cedo, porque dormi mais cedo e o relógio biológico anda louco.Detalhe). A verdade é que rimo com chuva. Aliás, isso é uma inverdade! Tenho sido a própria estação das chuvas. Mas ontem, olhando as águas da Unifap (meu trabalho), joguei os pés lá e pedi à mãe água, bruta, caída do céu, paz. Minha raiz! 

Foi então que a natureza falou comigo. Me contou que não é apenas o manjericão que tem uma natureza diferente. Cada um de nós a tem. Caoticamente diferenciada. Inclusive na forma de sentir. E nisso, nada há de mal. A vida é complementar para poder ser elementar!

Catarse sentimental. Perdão para caminhar. Quem nunca? São coisas que nos levam para mais perto de quem queremos ser. E, como preciso escrever para auxiliar quem sou...não há porque findar um espaço tão meu. Espaço cru de amor. Não há porque findar...

Bom dia, queridos. 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Manjericão! (com as novas percepções e a lição dos elementos) :)


As flores do meu jardim feneceram em abril, o que me fez rever a teoria dos tempos da vovó "de que a mão que mexe é quem dá sabor ao bolo". A mão que rega também...é o que floresce ou fenece. Em meio à esse tempo, foi o manjericão ( e não as rosas ou vincas) que me deu a lição mais profunda sobre o poder da água - meu elemento favorito. Coloquei alguns raminhos pra enfeitar o vaso da mesita...e em dias: raiz! Raiz em meio à água. Força em meio ao corte. 

O manjericão é uma planta generosa. Se cortar e alimentar com água, recria a raiz de onde veio. E não é que ele ainda dá delicadas flores em cima? Mas precisei colocá-lo na terra, pois muito tempo na água poderia matá-lo. São os excessos perigosos da permanência excessiva em espaços líquidos. Agora...um novo raminho no vaso espera sua vez por criar raiz...sinto que sou tão parecida com ele! Na água, cortadinho do lar...mas também me sinto o ramo lindo de raízes que plantei.  Buscando a força necessária para a vida. Fincado no chão, respirando o ar...Que tamanho será que ele ficará? Sei que será lindo neste jardim que eu já espero para contemplar! Símbolo de recriação dos espaços e aceitação do lar que a mãe-vida concebeu. 

Por falar em recriar... o aluanaodorme vai ficar quieto,quietinho por uns tempos,sei lá o quanto, queridos. O motivo? Oras, vejam o que fez o manjericão... #

Manoel de Barros e sua natureza doce agradecem...

Tem poesias que tocam a gente. Tem poesia-canção... envolve. Hoje uma duas das minhas maiores flores  do mundo, com o perdão do uso da expressão de Saramago, veio para o meu lado. A vida é louca e breve, mas...entre pesos e desafios, é doce e leve. 
Parece aquelas histórias que a gente não vê na modernidade. Mas, há muitos e muitos anos atrás, duas menininhas reconheceram o poder da amizade e enfeitaram o laço com um profundo amor. Muito embora tenham crenças diferentes de mundo, concepções diferentes de Deus, elas acreditam que a vida é mais porque estão aqui, crescendo juntas. A filha dela é minha sobrinha, porque nós somos de um mesmo jardim (infância).
Temos muitas coisas que escolhemos para caminhar. A melhor das coisas que decidimos, é quem caminhar conosco...

Então, porque Deus hoje me deu de presente duas flores para o meu jardim...eu agradeço! Com Manoel de Barros. :)




"As bênçãos"


Não tenho a anatomia de uma garça pra receber

em mim os perfumes do azul.
Mas eu recebo. É uma bênção.
Às vezes se tenho uma tristeza, as andorinhas (= flores)  me
namoram mais de perto.
Fico enamorado. É uma bênção.
Logo dou aos caracóis ornamentos de ouro
para que se tornem peregrinos do chão.
Eles se tornam. É uma bênção.
Até alguém já chegou de me ver passar
a mão nos cabelos de Deus!
Eu só queria agradecer.


                                                                                    ( In "O fazedor de amanhecer",2012,  p. 12)

Flor...de vizinha!


Não mais tão só
A ponto de apertar o nó
Não mais tão fraca
Apagada e abstrata...
Pois, eis que, em meio à solidão
Agora tenho ao lado de mim
A flor que reguei desde o jardim...
Não mais...não mais tão sozinha!
Pois hoje chega ao meu lado...
Uma flor...de vizinha! #



Você


Você...que me chama
Enquanto diz adeus
Que evoca promessas
Que a gente se fez...

Você que eu amo
Pra além de universos
Você que não quer
Acertar a palavra ao verso...

Você que acredita em teorias
Que ouço tanto...mas só versos e poesias
Nós...um laço  apertado
Puxando, rodando...um para cada lado...

Você...que o tempo não apagou da lembrança
Você...que ainda me chama pra dança
Mas não fala! Você...que ainda é a mão do meu par...
Você...que trago comigo: Na água e no ar! #



(Valor) Ativo


O amor...é uma essência escorrente
Latente! Precisa da fala, do gesto
Que trace a linha do perto...
Quebra, fluído...as certezas e o medo
Desvenda a alma e os segredos
Faz de nós singelo  laço precioso
O último primeiro eterno e refeito encontro...
Mas... é preciso calma para discernir o voo
Nada garante à tela de controle
Como plainar sem previsão
E segurar a essência na palma da mão...
Permanecer ou partir: Pois amor é valor...ativo!
Ser,estar: é o instante quem vê!
E o coração, suave...crê.#

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ganhos!


Não perdemos tempo
Pois o tempo é só ganho
Não perdemos amor
Porque demos - e sem moderação
E se o coração perdeu a razão...
Meu bem, não rodopie não...

Por dentro, que sejamos força
Do amor cadente, cedente, plural
Das horas e horas de carnaval...

Não perdemos nada!
Nem a nós mesmos!
Porque de atropelo em atropelo
Ficou no tempo aquele casal
De amor absurdo, profundo, abissal
Que ainda alimenta a alma...

És pedaço da minha calma
E da minha emoção...
Entre o antídoto e o veneno
Tudo é questão de dose
E a nossa simbiose
Perdeu um pouco a razão...

Mas...o mais concreto que fizemos
O mais profundo, válido e gutural
Não foram as pedras e erros jogados
Nem as falhas - que importa os lados?
O que fizemos de mais especial...
Foi amor, amor e amor! Real. #

Em um tempo de pessoas rasas, ser amor profundo é uma dádiva...e o mais, é mensagem já ...nas linhas da vida. O senhor do pincel sabe o que pincela.:)

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Caminho


 Sem inicio ou fim: tudo é passagem
A vida é uma (e)terna miragem
Ninguém tem culpa: somos caminho, aprendizagem...
E amor! Essas coisas que percebem
O caminho da pureza nua e crua...
Eu não sei se os rios se cruzarão
Nem se as estrelas ainda se tocarão...
Há tanta vida,tudo é estação...
Mas sei do que sou. E eu sou cura!
Não trago no peito chagas
Não aponto culpados,
Exercito paciência,amor... e ternura!#

Abençoar...é bem dizer! Que Deus nos trace o caminho, queridos....do encontro com a plenitude, seja lá o que isso for.
Boa noite!

Viva o ócio criativo!


Tenho ócio, tenho tédio, tenho preguiça e dias inteiros para ser só minha.
Preciso de espaços, luz e abraços...palavras e pessoas finas.
Finas como papel, transparentes, verdadeiras...
Cristalinas - mesmo complexas - e, por vezes incertas...
Preciso de tempo para contemplar a chuva, força cinza
caindo grossa, noutras garoa...
Preciso de espaço para construir a estrutura! Interior...
Preciso, preciso, preciso sim, senhor.
O capital - e seu feito geral - não desconfigurou
O olhar acentuado, caleidoscópico, multifacetado...
Viva o ócio que me induz a voltar o olhar pra dentro
E para muito além do que a máquina
Viva o ócio que bem uso- enquanto o tempo não me faz relento! #

FELIZ DIA DO TRABALHADOR, queridos! Para nós que amamos e valorizamos nosso exercício de atividade profissional. Mas, no lugar de falar em mais trabalho, trago uma reflexão sobre o ócio criativo, necessário para sermos inteiros - e felizes- dentro de nossas funções na Sociedade. E como reli Rubem Alves, aí vai outro conto dele bem interessante, que me fez refletir sobre meu recente exagero de trabalho e comprometer-me a reduzi-lo, na medida do possível, porque eu amo- e preciso- de vida interior.




Caleidoscópio

O caleidoscópio nasceu na Inglaterra, nos primeiros anos do século passado. Seu inventor foi Sir David Brewster. Acho que era um vagabundo porque se fosse ocupado não teria a ideia. O trabalho intenso faz mal à criatividade. Nietzsche, dirigindo-se àqueles para quem a vida é "trabalho furioso", aqueles para quem " o trabalho furioso é coisa boa e também tudo que é rápido, novo e diferente", conclui: " O fato é que vocês não se suportam. Seu trabalho é fuga, um desejo de se esquecerem de vocês mesmos. Mas vocês não têm conteúdo...nem mesmo para a preguiça". 
Deve ter sido num momento de vagabundagem que a ideia do caleidoscópio apareceu na cabeça de sir David Brewster. Como era homem culto e conhecia grego antigo, uniu as palavras gregas kalos (=belo), eidos (=imagem) e scópeo (vejo). Caleidoscópio quer dizer "vejo belas imagens". As belas imagens do caleidoscópio se fazem com caquinhos de vidro, clipes, tachinhas, pedrinhas. O mesmo acontece com os artistas. Eles têm a capacidade de produzir o belo com o insignificante. 
                            ( Rubem Alves, conto "Caleidoscópio", no livro "Ostra Feliz não faz pérola). 


Sobre as ostras e as pérolas...

No meio de leituras mitológicas, recordo do conto "Ostra Feliz não faz pérola", de Rubem Alves. Transcrevo:

 " (...) No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia entre os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos , sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza(...)"  

(Rubem Alves, no conto "Ostra Feliz não faz pérola",  que deu nome ao livro  fantástico, poético,reflexivo, maravilhoso)

Artesanato do dia, para sorrir com essa chuva linda...porque a minha cidade (Macapá) está na estação da chuva, para mim, a mais linda!

:)